A propósito das consequencias do aumento das passagens de ônibus em Teresina

Nos últimos dias, em Teresina, temos visto uma série de protestos acerca das modificações no sistema de transporte coletivo da cidade. Os estudantes, principalmente, contestam o valor das passagens de ônibus e a forma como a integração foi proposta. De fato o tempo de integração não me parece justo. Quanto ao novo valor da passagem, a planilha de cálculo indica compatibilidade com os custos, porém o valor fixado não corresponde à realidade urbana. Os protestos são consequências lamentáveis. Não é assim que se resolvem as coisas.

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A propósito das modificações no sistema de transporte público das cidades brasileiras, transcrevo a seguir, trecho de um texto referente à cidade de São Luís\Ma, do engenheiro e advogado Igor Napoleão.

"Não só Amsterdam, próximo da qual morei com um imenso prazer de constatar que outro mundo é possível, e frustrado com a colossal ignorância, arrogância, ufanismo de um povo bem próximo dos primatas (com as sempre honrosas exceções) em que se transformou minha pátria, também Zurich, Berna (êta suiços atrasados...), etc etc, mantêm o bonde (combinado com o trem) com excelente, agradável, ecológico, eficiente modo de transporte urbano (e estatal!).

Mas como somos mais "issspertos", sábios, inventivos (da roda), varremos o bonde das capitais do país, à pretexto de uma falsa modernidade de subdesenvolvido mental.

E para quê? para entregar o transporte público em todo o país à sanha empresarial, de mãos dadas com os vereadores (aquele que abre veredas...para seu próprio enriquecimento às custas do erário público e do bem comum) que votam as tarifas para depois o empresário financiar sua eleição, num ciclo imoral interminável.

Do Rio de minha infância e juventude, ainda lembro de usar o bonde quase que exclusivamente, bem como minha mãe, enfim, todos se utilizavam de um meio adaptado ao clima (todo aberto e ventilado).

Aqui mesmo em São Luís a casta tosca, neanderthalica, corrupta que infelicita este infeliz estado há séculos, arrebatou uma rede de bondes agradável, aprazível, eficiente para trocar por um buzilhão de ônibus refugados do Rio e alhures, barulhentos, poluidores, desconfortáveis, obviamente para o gáudio de vereadores, prefeitos e empresários os mais ricos deste país, pois como se sabe, somente a classe menos favorecida se utiliza de ônibus aqui, e esta paga sempre em dinheiro suado as tarifas cada vez mais extorsivas, todo santo dia.

É mais um mecanismo perverso de tungar o povo.

O resultado de um transporte público péssimo e um incentivo incontrolado ao transporte individual é o caos em que se transformaram as cidades neste país."