domingo, junho 19, 2011

O RELEVO COMO CONDIÇÃO DO DESENHO URBANO

Os atributos morfológicos de um terreno irão se constituir em variáveis a serem consideradas na elaboração de um projeto arquitetônico.

O relevo, por exemplo, determina a implantação do sistema viário e exige a inclusão de certos elementos do sistema de drenagem ou de certos tipos de pavimentação. Análise da conformação física do terreno determinam a existência natural de platôs ou determinam a necessidade de serem criados. A análise também indica se a declividade natural existente deve ser mantida ao invés de se criar platôs. O projetista deve escolher qual das três alternativas?  O caminho para se escolher acertadamente é introduzir um outro elemento de análise: a relação custo benefício. Significa dizer que para cada constatação obtida, o projetista deve considerar suas conseqüências em termos de custo necessário para a execução, futuras condições de apropriação, projeção de expansão e/ou adensamento da ocupação prevista inicialmente, aspectos culturais característicos da população usuária e de depreciação ou valoração de arquiteturas existentes com propostas semelhantes.

  As características topológicas de uma área poderão contribuir ou prejudicar aspectos referentes a economicidade, à funcionalidade, à paisagem e à estética da arquitetura proposta em projeto.

A economicidade é vista aqui como condição de sustentabilidade da arquitetura.  O projetista deve considerar as variáveis que contribuem para impedir ou postergar a depreciação da arquitetura proposta. Em geral, vão de simples considerações quanto ao acabamento mais durável e mais facilmente mantido a reflexões sobre as possibilidades espaciais adequadas. O objetivo é propiciar o uso efetivo da arquitetura de forma a garantir e preservar as condições de uso propostas. No projeto urbano, o relevo poderá ser explorado como elemento propício à geração de emprego e renda. É o caso de se introduzir nos conjuntos habitacionais de baixa renda, por exemplo, atividades pesqueiras e criatório ou de agricultura familiar.

 A funcionalidade é vista pela autora como objetivo do dimensionamento e zoneamento adequados no atendimento às condições da agenda imposta pelo cliente. No entanto, é preciso considerar que as mesmas variáveis que condicionam a projetação também, condicionam a apropriação. Ambas dependem de certas necessidades espaciais decorrentes de determinadas referências culturais. E estas, são muito dinâmicas. Hoje com a globalização e a informação massiva, os hábitos culturais mudam muito rapidamente e em decorrência as necessidades espaciais também mudam. Para garantir a adequação à arquitetura, o arquiteto deve considerar as projeções futuras – como ampliações, por exemplo, - que podem e devem fazer parte de sua agenda programática. Nesta consideração, a condição de relevo constitui partido importante para tais ampliações – tanto do espaço fechado / privado (edificações) quanto do espaço aberto / público (áreas verdes, de lazer ou de circulação). 

A paisagem e a estética aqui são vistas como elementos fortemente associados. Em geral, um decorre do que se fizer com o outro. O coroamento da paisagem sempre é conseqüência dos aspectos morfológicos e do aproveitamento do terreno, cujo índice máximo de utilização previsto é em lei. O projetista deve considera-lo em função da taxa de conforto escolhida para sua arquitetura e da compatibilidade com o meio ambiente do entorno.  Relevos com diferenciação morfológica podem constituir partido que resulte na criação de elemento estético marcante, que personalize a arquitetura proposta. No caso de conjuntos habitacionais de baixa renda, a diferenciação estética do modelo tradicional conduz a uma ampliação dos níveis de auto-estima da população residente, o que por sua vez, interfere na preservação da arquitetura e constitui garantia de qualidade de vida.