terça-feira, março 29, 2011

Compreendendo o espaço urbano

O espaço urbano deve ser considerado como uma conjunto de relações realizadas através das funções e de formas que se apresentam como testemunha da história escrita por processos do passado e do presente. Isto é, o espaço se define como um conjunto de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções (SANTOS, M. 1978, P 123).
Milton Santos considera que as categorias analíticas do espaço urbano são: forma, função, processo e estrutura. A forma é o aspecto visível, a função é o meio através do qual as relações sociais se manifestam, o processo relaciona-se ao tempo e à mudança do espaço, e a estrutura é a inter-relação das partes ou a forma como as partes se organizam.
Milton Santos também considera que o espaço é uma estrutura constituída pelos seguintes elementos: o homem; as firmas (produtores de bens, serviços e idéias); as instituições (produtores de normas, ordens e legitimações); suporte ecológico (base física territorial), e as infra-estruturas (o trabalho humano geografizado como as casas, as plantações, as estradas, etc.) (SANTOS, M. 1985, P 6).
Para o autor,
Quando se estuda a organização espacial, estes conceitos são necessários para explicar como o espaço social está estruturado, como os homens organizam sua sociedade no espaço e como a concepção e o uso que o homem faz do espaço sofrem mudanças. A acumulação do tempo histórico permite-nos compreender a atual organização espacial (SANTOS, M. 1985, p 53).
O caráter social do espaço urbano foi estudado por Henri Lefebvre (1986). Para o autor, o espaço "vivido" é o espaço social ao qual corresponde uma prática espacial que se expressa através da forma de uso deste espaço. Mas outras facetas também se apresentam quando se pretende conceituar o espaço urbano. Numa visão capitalista, ele também é uma mercadoria (DAMIANI et alli, 2001, P 48) e sob a ótica de Marcel Cornu (1977, P 39), o espaço também é objeto e lugar de pesquisas.

Referências Bibliográficas:
CORNU, Marcel. Libérer la ville. Paris: Castermann, 1977.
DAMIANI, Amélia Luísa; CARLOS, Ana Fani Alessandri; SEABRA, Odete Carvalho de Lima (Orgs.) O espaço no fim do século: a nova raridade. São Paulo: Contexto, 2001.
LEFEBVRE, Henri. O Direito a cidade. Paris: Anthropos, 1986, p23-24
SANTOS, Milton. Espaço & Método. São Paulo: Nobel, 1985.
SANTOS, Milton. Por uma geografia nova. São Paulo: HUCITEC – EDUSP, 1978, p 113-152.
Obs.: Os livros citados podem ser encontrados no acervo da Biblioteca Jornalista Carlos Catelo Branco\UFPI

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